Trabalhas bem? Ninguém quer saber…

Trabalhas bem? Ninguém quer saber…

Entregar mantém-te na média. Exceder transformar-te-á em referência.

 

Não são os diplomas. Nem a produtividade. Nem sequer o talento.

 

A grande diferença entre um bom profissional e um excelente, no futuro, será outra: a coragem de se reinventar a cada novo colapso.

 

Vivemos a era da obsolescência acelerada. As competências de hoje são as relíquias de amanhã. O que ontem nos destacava, hoje já nos limita. E enquanto o “bom profissional” continuará a seguir o plano, a checklist, a metodologia validada, o excelente profissional estará a destruir o mapa inteiro para construir o seu próprio território.

 

A excelência já não mora no manual, morará na disrupção pessoal.

 

Durante décadas, construímos uma ideia de “bom profissional” baseada em critérios sólidos, mas profundamente ultrapassados: pontualidade, competência técnica, cumprimento de objetivos, estabilidade emocional. Esse perfil serviu-nos bem num mundo estático, previsível, com fronteiras claras entre setores, funções e estatutos. Mas esse mundo morreu. Durante anos, os hard skills foram os reis do mercado. Saberes técnicos, frameworks, certificados. Hoje, isso é apenas o ponto de partida.

 

Saber fazer é básico. Saber ser é raro. Saber provocar transformação será ouro.

 

Num mercado inundado de especialistas, os generalistas criativos vão destacar-se. Num mundo cheio de profissionais “bons”, os excelentes serão os que conseguirem criar vínculos reais num cenário de desconfiança, que inspirarem ação num ambiente de exaustão, que cultivem presença num mundo de distração.

 

Hoje, o que era certo ontem é irrelevante amanhã. As fórmulas do sucesso estão todas em crise. E os manuais que prometem garantir resultados estão desatualizados antes mesmo de chegarem à gráfica. O futuro não será dos que sabem fazer bem, mas dos que sabem fazer de novo.

 

O “bom profissional” cumpre. O excelente profissional contaminará.

O “bom profissional” respeita o sistema. O excelente redesenhá-lo-á.

O “bom profissional” entrega. O excelente excederá.

 

Entregar é o mínimo. Exceder será o novo normal.

 

Entregar é cumprir com o que foi pedido. Chegar a horas. Apresentar o relatório. Fechar a venda. Concluir a tarefa. Ser correto, funcional, fiável.

 

Exceder será algo visceral. Será fazer mais do que pediram, não por vaidade, mas por integridade. Será surpreender, acrescentar, desafiar. Será transformar uma simples entrega num gesto de arte. Será dar resposta antes da pergunta. Será provocar um impacto onde antes só se esperava eficiência.

 

Entregar mantém-te na média. Exceder transformar-te-á em referência.

 

Num mundo saturado de gente competente, a excelência não estará no “o que” se faz, mas no “como” e no “porquê”.

 

Não serão os resultados que mais contam. Será a experiência que provocas no processo. A diferença entre um bom e um excelente profissional já não é visível no CV. É sentida na sala. O profissional excelente é um artista funcional. Esquece a imagem do “excelente” como alguém frio, racional, estratega. A nova excelência será quase artística. Mas não no sentido etéreo do termo. Será arte aplicada, criatividade com utilidade, emoção com direção.

 

Esse profissional vai conseguir criar soluções antes que o problema seja totalmente compreendido, manter a lucidez quando todos entram em pânico, misturar intuição com dados e empatia com foco, comunicar de forma clara, humana e mobilizadora e renovar-se constantemente, sem esperar permissão.

 

Será alguém que sabe aprender, desaprender e reaprender, não como ciclo académico, mas como modo de vida. Será o professor que começa a aula com 10 minutos de silêncio para treinar presença. O assistente de loja que pede aos clientes para não comprarem já, só sentirem. A médica que prescreve caminhadas, poesia e ouve mais do que receita. O engenheiro que desenha escadas que não levam a lado nenhum, só para as pessoas se sentarem e estarem.

 

Cada um destes profissionais terá uma escolha: entregar o esperado ou exceder, mesmo com risco, desconforto ou riso alheio.

 

E será no excesso, no ato de ir além, de desafiar o sistema, de entregar alma e não só tarefa, que nascerá a diferença entre o bom e o inesquecível.

 

A excelência, no futuro, será medida não pela tua performance num trimestre, mas pela tua capacidade de te manter humano num mundo desumanizante.

 

E serás excelente se fores vulnerável sem perder autoridade, intenso sem perder equilíbrio, exigente sem deixar de ser generoso. Será uma excelência feita de cicatrizes, de quedas transformadas em força, de decisões tomadas no escuro. E mais do que tudo, será uma excelência invisível aos olhos do Excel, mas que muda o rumo das reuniões, das equipas, das empresas.

 

Quem vai vencer, não é quem sabe mais. É quem sente mais e transforma isso em ação inteligente. É quem comunica com verdade no meio do ruído. É quem tem visão mesmo quando tudo à volta colapsa. É quem mantém o fogo mesmo quando a esperança falha.

 

O excelente profissional do futuro será um revolucionário emocional com utilidade prática.

 

E no fim, os bons profissionais serão promovidos, os excelentes serão imitados e muitas vezes incompreendidos. Os bons ocuparão cargos, os excelentes criarão legados.

 

Enquanto uns entregam, outros excedem. Enquanto uns se adaptam, outros transformam. Enquanto uns esperam pela próxima oportunidade, os excelentes inventam o seu próprio futuro.

 

E tu? Vais ser bom… ou excelente?