Igualdade efetiva: em Portugal, mulheres ainda ganham menos e estão em minoria nos cargos de liderança

Igualdade efetiva: em Portugal, mulheres ainda ganham menos e estão em minoria nos cargos de liderança

Com o objetivo de inspirar as gerações mais jovens, a Inspiring Girls Portugal, associação sem fins lucrativos que luta pela igualdade de género promoveu no dia 8 de fevereiro a Conferência “Inspiring Stories”. Cerca de 200 estudantes do ensino secundário puderam participar no debate “Sabes o que faço?”, uma conversa moderada pela jornalista Margarida Vaqueiro Lopes, em que mulheres de áreas tão distintas como a gestão, ciência, empreendedorismo, arte e desporto partilharam as suas experiências e desafios, com destaque para as questões relacionadas com a igualdade de género e a importância da representatividade. 

 

“Infelizmente os estereótipos continuam a ser uma realidade na nossa sociedade e são altamente limitadores porque rotulam e incitam mulheres e homens a desempenhar diferentes profissões em função do género. O nosso trabalho enquanto associação é, precisamente, desconstruir estas ideias junto dos e das jovens, quebrar estes estereótipos e lutar pela igualdade de género. Por isso, este encontro, que contou com a participação de mulheres com histórias e percursos inspiradores em áreas tão diferentes, faz todo o sentido!” refere Joana Frias Costa, presidente e fundadora da Associação Inspiring Girls Portugal, presente há um ano no nosso país e que tem desde então conquistado cada vez mais espaço e presença na promoção de uma sociedade livre de preconceitos e com igual representação para mulheres e homens através do empoderamento das próximas gerações.

 

De acordo com dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), as mulheres são a maioria da população residente em Portugal (52,4% vs 46,6%) e quem mais habilitações académicas reúne – em cada 100 pessoas com ensino superior completo, 61 são mulheres e 39 homens, contudo, verifica-se uma segregação das escolhas educacionais. As maiores taxas de feminização verificam-se nos cursos de educação (77,0%), saúde e proteção social (77,0%), ciências sociais, jornalismo e informação (65,2%). Já os cursos de tecnologias de informação e comunicação e engenharia, indústrias transformadoras e construção são os que evidenciam taxas de feminização mais baixas (17,1% e 27,1%, respetivamente).

 

Acresce que o predomínio das mulheres em graus académicos elevados não se traduz na sua participação quanto a poder e tomada de decisão económica, política e académica, onde são ainda claramente minoritárias. As mulheres são maioritárias entre os especialistas das atividades intelectuais e científicas (61,0%), mas apenas 38,9% dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos. Conclui-se ainda que as mulheres ocupam menos cargos de chefia, que a igualdade salarial entre mulheres e homens não se verifica em nenhuma atividade económica e que a grande maioria das atividades económicas apresenta um gender pay gap com prejuízo significativo para as mulheres.  Em resumo, o mercado de trabalho português continua marcado por desigualdades estruturais de género que impedem que os homens e as mulheres participem de forma igualitária.

 

Para o desenvolvimento deste evento, a Inspiring Girls contou com a participação e o apoio da Procter & Gamble Portugal, que se fez representar por Cláudia Lourenço, Diretora Geral da empresa e primeira voluntária da associação, que participou na mesa redonda, partilhando as suas histórias inspiradoras e desafios. O evento contou ainda com o apoio da Câmara Municipal de Almada, da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), da Nestlé, da Auchan e da Sociedade Ponto Verde.