Saber todos os passos e locais por onde passou o que comemos, seja processado ou fresco será cada vez mais relevante, não só para garantir a sustentabilidade, mas, também, a segurança alimentar.
Pode parecer uma tendência mas não é. Há cada vez mais produtos que asseguram a rastreabilidade de todo o processo. No caso do peixe, por exemplo, já se consegue saber em que dia foi pescado, onde, por que barco, quais eram as condições naquele dia, qual o processo seguido antes que o respetivo peixe chegue à nossa mesa. E isso acontece não só porque o consumidor cada vez mais o exige, mas também porque é a melhor solução para se diferenciar da concorrência e garantir que estão a ser cumpridas as boas práticas.
O que começou como algo pontual está a transformar-se em padrão. Serve para garantir que não se pesca, por exemplo, em locais onde não é permitido ou em condições que não são as ideais e, simultaneamente, no caso de haver algum incidente, é mais fácil identificar, ao pormenor, o que é que aconteceu e onde, e desta forma, sendo possível atuar em conformidade.
A pesca e a aquicultura são dois setores que mais utilizam esta ferramenta. E há boas notícias para Portugal! O Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura é uma estrutura única no país que permitirá prestar serviços às empresas e atestar a origem geográfica, assim como os métodos de produção de bens alimentares de origem marinha. Fundado com o conhecimento da Universidade de Aveiro conseguiu garantir financiamento, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Com este financiamento garantido, a previsão de abertura é de 2025. Para tal serão investidos sete milhões de euros na instalação e criação da estrutura, mais concretamente, na reabilitação e adaptação do edifício da antiga depuradora, na aquisição de equipamento, contratação de dois investigadores e dois técnicos superiores.
Qual a grande vantagem de ter um Laboratório Nacional para a Rastreabilidade dos Produtos da Pesca e Aquicultura? O desenvolvimento de modelos sustentáveis de valorização dos recursos vivos marinhos, em linha com a Estratégia Nacional para o Mar e a visão europeia para a Bioeconomia Azul
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O laboratório constituirá uma das duas vertentes do CITAqua – Centro de Inovação e Tecnologia em Aquacultura e prestará serviços a empresas e autoridades nacionais com responsabilidade no setor do mar e dos recursos aquáticos. Adicionalmente, e ainda dentro do CITAqua, haverá o Laboratório para a Produção 5.0 Super-Intensiva de Algas e Bivalves, que estará dedicado à produção e valorização de micro e macroalgas, assim como moluscos bivalves. Este último laboratório estará vocacionado para desenvolver projetos em copromoção com outras entidades, nomeadamente, empresas.
Espera-se que, com a abertura do laboratório, haja uma maior articulação entre setores do mar e agricultura garantindo, em simultâneo, a aplicação dos princípios da sustentabilidade. Uma forma de assegurar as boas práticas face à crescente necessidade de valorização de recursos marinhos, como algas e plantas marinhas, mas também à articulação com o setor agrícola, havendo já previsibilidade de alguns projetos de investigação, como a intenção de estudar uma espécie de pequenos crustáceos marinhos que ocorre na Ria de Aveiro e que consegue transformar a rama das cenouras e casca de batata, subprodutos do setor agrícola, em ácidos gordos ómega-3.
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