Como encontrar talento?

Como encontrar talento?

Numa fase onde a escassez de talento ganha terreno e as empresas têm cada vez mais dificuldade em recrutar (e reter) pessoas, qualquer dica é bem-vinda. Principalmente quando estudos como o ManpowerGroup Employment Outlook Survey indicam que 41% dos empregadores nacionais (inquiridos neste estudo) querem aumentar as suas equipas no último trimestre do ano.

No entanto, esta não é uma intenção fácil de concretizar. Segundo o estudo Talent Shortage 2022, 85% dos empregadores portugueses afirmam ter dificuldade em preencher vagas de trabalho devido à falta de talento qualificado, sendo este o valor mais alto dos últimos 16 anos.

 

Tendo em conta este cenário então como conseguir preencher as vagas? A resposta, segundo o ManpowerGroup, está numa diversificação e diferenciação da sua estratégia de recursos humanos, “por forma a terem acesso à combinação certa de competências e alcançarem os mercados de trabalho onde necessitam atuar”.

 

A questão que se prende é como? E aqui há ferramentas como o Total Workforce Index que são uma ajuda preciosa, dado que fazem uma avaliação global dos mercados de trabalho. Este, por exemplo, mede a facilidade relativa em atrair, recrutar e fidelizar trabalhadores temporários e permanentes, promovendo-se como sendo o único índice da sua classe a analisar mais de 200 fatores em 75 mercados de trabalho, oferecendo uma visão abrangente e comparativa de quatro categorias-chave: disponibilidade de talento, eficiência de custos, regulação e produtividade da força de trabalho.

 

A análise do último relatório indica que existem três tipos de mercados de trabalho que os empregadores devem ter em conta para encontrarem o talento certo. São eles, os mercados Maduros, Incubadores e Emergentes. Cada um com caraterísticas diferentes.

Segundo esta análise, os mercados Maduros são os que abarcam os maiores contingentes do chamado Talento de Crescimento – aqueles profissionais em constante desenvolvimento, capazes de se capacitarem a si e às suas organizações. São mercados que possuem infraestruturas de apoio à qualificação e requalificação, mas também mais sujeitos ao aumento dos salários.

 

Já os mercados Incubadores, são mercados que apresentam um elevado potencial para as áreas de Serviços Digitais, Indústria Avançada e Energias Limpas, proporcionando uma oportunidade para equilibrar a presença de talento qualificado com uma maior competitividade nos custos de mão-de-obra. 

 

Quanto aos mercados Emergentes estes são constituídos, na sua maioria, por mão-de-obra de gerações mais jovens, como a Geração Z e Millennials, tendo, porém, uma maior escassez de talento qualificado, devido às baixas taxas de educação superior ou especializada, exigindo por isso um maior investimento na capacitação dos profissionais.

 

Tendo em conta estes dados, foram detetadas três oportunidades às quais as empresas devem estar atentas e que farão toda a diferença aquando da contratação de talento:

 

1 – A formação hoje é encarada como algo essencial – deixou de ser aquele opcional. Os colaboradores valorizam cada vez mais a aquisição de novas competências e o desenvolvimento profissional. Caso a empresa disponha de infraestrutura e cultura que os permita adquirir novos conhecimento, irá permitir criar mais oportunidades. Mas, mesmo assim, há que ter sempre em conta a particularidade dos três mercados mencionados anteriormente. Nos mercados Maduros, embora 39% dos trabalhadores com mais de 25 anos tenha formação superior, os dados recolhidos pelo ManpowerGroup mostram que estes profissionais valorizam oportunidades de aprendizagem e requalificação. Já nos Emergentes, onde há uma maior escassez de talento qualificado, se os empregadores estiverem dispostos a actuar como “educadores”, o retorno do investimento, a longo prazo, poderá ultrapassar o dos mercados Maduros.

 

2 – Equilibrar o aumento salarial de mercados de trabalho maduros. Como? Apostando nos mercados Incubadores. o estudo indica que os mercados Incubadores têm um elevado potencial para os setores de Serviços Digitais, Indústria Avançada e Energias Limpas, e apresentam uma oportunidade de equilíbrio entre o trabalho qualificado e a competitividade de custos. Ou seja, há potencial para fornecer Talento de Crescimento altamente qualificado para estes setores específicos de rápido crescimento, a valores competitivos.

E Portugal? Portugal apresenta-se como um dos Mercados Incubadores líder no setor da Indústria Avançada. Um mercado onde há talento jovem com salários competitivos. Mas ainda existe um outro ponto positivo – a aposta, a médio prazo, nestes mercados (Incubadores) – irá permitir às empresas aceder a novos segmentos e competências que têm o potencial de reforçar também o seu crescimento nos mercados onde já estavam anteriormente presentes.

 

3 – Desenvolvimento de modelos contratuais menos rígidos. Hoje, e principalmente depois da pandemia, o teletrabalho, o modelo de trabalho a quatro dias, ou os modelos híbridos são uma realidade. Por outro lado, verifica-se que as empresas optam pela contratação temporária para ampliar as suas bases de talento e melhorar a diversificação de competências, acendendo a trabalhadores altamente qualificados que optam por modelos de trabalho mais flexíveis.