A grande falha nas estratégias de sustentabilidade nas empresas

A grande falha nas estratégias de sustentabilidade nas empresas

Fala-se muito em sustentabilidade e a maioria das empresas anunciam que têm as respetivas estratégias. Mas isso será, efetivamente, verdade? Um estudo levado a cabo pela Oxford Economics e pela SAP revelou que há importantes obstáculos às iniciativas de sustentabilidade das empresas. E se esses obstáculos não forem ultrapassados, todas as metas definidas, nomeadamente pela Comissão Europeia, poderão estar em risco.

 

Entre os vários problemas, encontram-se a falta de comunicação e compromisso por parte dos executivos, o uso ineficaz de dados, tecnologias em silos que não partilham processos ou informação e, ainda, a insuficiência de colaboração e parcerias entre empresas e indústrias.

 

Existe uma certa antagonização. Por um lado, os gestores manifestaram vontade de que as suas organizações se tornem mais sustentáveis, referindo a eficiência (58%), a melhoria da reputação da marca (46%) e a satisfação das necessidades dos clientes (44%), como os principais benefícios de negócio para os esforços de sustentabilidade. Mas, por outro, verifica-se que o valor das iniciativas de sustentabilidade não está a ser percebido de forma generalizada.

 

Vivek Bapat, Senior Vice-President, Purpose and Sustainability, SAP, faz uma avaliação certeira da situação. O executivo afirmou que “os executivos reconhecem que os esforços de sustentabilidade podem conduzir a uma melhor rentabilidade, a atrair clientes e colaboradores e a gerar um impacto positivo nas suas cadeias de abastecimento”, no entanto, “alcançar estes objetivos requer um elevado grau de comunicação e compromisso”.

 

A questão é premente e pertinente. A maioria dos inquiridos descreveu como vagamente definidos os compromissos de sustentabilidade e limitadas as ligações com o público interno e externo. Mas, mais grave é o facto de cerca de dois terços dos executivos, com planos de sustentabilidade em vigor, assumirem que o âmbito e a visão dos planos não são eficazmente comunicados, seja no interior da organização como externamente. Se os planos não são comunicados, não poderão ser efetivamente implementados. Há aqui uma relação direta.

 

Mas nem tudo está perdido. Porque o estudo também detetou uma pequena percentagem de empresas – 9% – que efetivamente definiram e implementaram estratégias de sustentabilidade e que, inclusive, já estão a recolher os benefícios da mesma. Como aponta o estudo, estes “líderes em sustentabilidade” definem-se pela sua capacidade de estabelecer expectativas claras ao nível estratégico, pela aplicação do poder transformador da tecnologia e da gestão de dados e pelo compromisso com públicos relevantes, como colaboradores, parceiros da cadeia de abastecimento e decisores políticos.

 

Como explica a Edward Cone, diretor editorial da Oxford Economics, “os líderes de sustentabilidade vão para além da visão que garante que as iniciativas de sustentabilidade são executadas” e “comunicam com os principais grupos de interesse, dentro e fora das suas empresas, e utilizam tecnologias integradas para medir e acompanhar o desempenho de forma a favorecer a responsabilidade“.

 

Mais do que simplesmente fazer uma análise da realidade o estudo tem o condão de apontar um caminho, de oferecer dicas para as empresas poderem ultrapassar os obstáculos e efetivamente definirem e implementarem uma estratégia de sustentabilidade. Dicas estas que se dividem em cinco áreas fundamentais:

 

  • Começar com apoio executivo. Os esforços em matéria de sustentabilidade devem ser iniciados pelo estabelecimento de um plano explícito, que, por sua vez, seja comunicado e realçado em toda a organização.

 

  • Conduzir comunicações claras e consistentes. Enquanto os esforços de sustentabilidade começam no topo da organização, a conversão da visão em ação deverá ser feita pelos colaboradores. Ligar as equipas-chave com os objetivos é importante para impulsionar um maior desempenho da sustentabilidade.

 

  • Integrar processos, tecnologias e dados. A maioria das empresas não incorporou a sustentabilidade nas suas principais estratégias, o que deu lugar a tecnologias desconetadas que contam duplamente, para além de impedirem um planeamento estratégico e não permitirem a conexão da informação financeira e não financeira. A unificação destes ativos proporciona visibilidade no que à evolução e desempenho diz respeito. 

 

  • Ampliar as práticas sustentáveis a clientes, parceiros e fornecedores. Os fornecedores de energia são uma vertente fundamental das práticas de sustentabilidade. Porém, mais de um terço dos inquiridos não considera como crítico, para os seus objetivos de redução de carbono, o recurso a fornecedores sustentáveis de energia (36%). Assim como não exigem aos seus parceiros os mesmos requisitos que impõem a si mesmos. A sustentabilidade é um “desporto de equipa” que requer a participação de toda a cadeia de abastecimento. 

 

  • É crucial compreender os dados. A captação e análise dos dados fornece um conhecimento dos recursos e da eficiência. Permite à organização medir os resultados e avisar quando são necessárias melhorias. Esta componente-chave é uma área propícia à inovação em todas as indústrias.