Está a decorrer uma revolução no mundo alimentar

Está a decorrer uma revolução no mundo alimentar

A dieta mediterrânica é a mais equilibrada e a que traz benefícios quer para o ser humano, quer para o mundo animal e mesmo para o planeta. No entanto, o que se verifica são movimentos que procuram dar novas alternativas aos consumidores, desde produtos plant based à carne produzida em laboratório. A alimentação está a mudar, resta saber se e qual destes movimentos vai vingar.

 

Os especialistas aconselham fazer uma alimentação cuidada e equilibrada. Mas o certo é que, nos últimos tempos, temos vindo a assistir a várias mudanças que alteram, por completo, a forma como nos alimentamos, por exemplo o movimento vegan, com o aparecimento de mais e mais produtos plant based (ou dieta à base de plantas, em português).

 

Se há uns anos as pessoas que optam por este estilo de vida (e de dieta) tinham dificuldades em encontrar alimentos nos lineares, hoje isso já não acontece. O Celeiro é conhecido por ter esse tipo de posicionamento há muito tempo. Ah, mas é um espaço de nicho, onde os preços dos produtos são muito caros. Ok. Em alternativa, o Aldi e o Lidl têm, sucessivamente, um aumento do número de referências disponíveis nas suas lojas, tendência que tem vindo a ser seguida por outras insígnias.

 

A Auchan, por exemplo, tem um espaço próprio onde apresenta as outras tendências alimentares, como a Future Taste, oferece produtos como o Vuna – um preparado à base de proteínas de ervilhas, 100% vegetal e que se assume como uma alternativa ao atum, isto porque a marca afirma que tem sabor e textura de atum.

 

O movimento vegan é visível no aumento do portfólio das marcas de distribuição. No ano passado, e de acordo com o estudo RankingVeg 2021, levado a cabo pela Associação Vegetariana Portuguesa, a Auchan e o Aldi foram as empresas de retalho alimentar que lideram a oferta de produtos veganos. Cenário que reflete o aumento da procura, com o número de vegetarianos a quadruplicar em apenas dez anos.

 

Em contraponto também se tem assistido à produção de carne criada em laboratório. Os benefícios comunicados assentam no bem-estar animal e em vantagens ambientais. No entanto, são produtos que, para realmente serem aceites pela população terão de demonstrar vantagens em atributos tão relevantes como o sabor, o preço, a qualidade nutricional e a segurança, a par, claro, da transparência.

 

O consumidor terá de conhecer aspetos fundamentais como os processos, os ingredientes, o percurso ao longo da cadeia e a forma como estas empresas lidam com os trabalhadores.

 

Independentemente da opção de dieta de cada um, o certo é que os números da Balança Alimentar Portuguesa (BAP) 2016-2020 mostram que o aporte calórico médio diário, por habitante, permaneceu elevado, 4075 kcal, o que representa o dobro do valor recomendado para um adulto com um peso médio saudável. Pior é o facto de os dados revelarem a existência de oferta alimentar excessiva e desequilibrada, com a agravante de a rastreabilidade dos produtos ainda não estar massivamente implementada. O resultado é que a maioria das pessoas não tem noção de onde vem, como foi produzido e como está embalado o alimento que está a comprar.

 

E convém não esquecer a questão do desperdício alimentar, a praga dos dias de hoje. Quando se fala de alimentação, os principais problemas estão no excesso de calorias que tradicionalmente consumimos e no desperdício do dia-a-dia. A simples redução do consumo diário com uma dieta equilibrada, seria benéfica, quer para o ser humano, para o mundo animal e também para o planeta. E não nos podemos esquecer que os especialistas, sejam nutricionistas ou ambientalistas, dizem que a dieta mediterrânica é a mais equilibrada. Diga-se a melhor, para todos.