O futuro da embalagem passa (também) por uma melhor (e maior) reciclagem

O futuro da embalagem passa (também) por uma melhor (e maior) reciclagem

Novos materiais ou novo uso de materiais atuais. Independentemente da opção há uma certeza: Portugal (e o mundo) terá de aumentar a taxa de reciclagem e diminuir (drasticamente) o número de produtos que vão para aterro.

 

Com o tema da sustentabilidade a ganhar cada vez mais destaque no léxico de todas as empresas, já se começa a repensar os seus negócios e os seus produtos. E as embalagens são um bom exemplo, querem-se cada vez mais sustentáveis, feitas de material reciclável ou biodegradável, numa perspetiva de economia circular, mantendo, no entanto, toda a segurança e higiene alimentar.

Esta é a solução para todos os tipos de embalagens, embora a tendência seja a de tentar diminuir o peso do plástico. No caso das embalagens de vidro, por exemplo, há já vários produtores de vinhos que estão a utilizar garrafas mais leves, que se traduz num impacto direto na pegada de carbono, quer pela energia utilizada na sua produção, quer depois na sua reciclagem.

 

Mas há desafios a vencer. Recentemente Fernando Leite CEO da Lipor, aquando da sua participação no painel “As Embalagens do Futuro”, no âmbito da conferência “Eco Embalagens – Unboxing The Future”, organizada pela Sociedade Ponto Verde, afirmou que a embalagem do futuro será muito diferente da atual, apontando a tecnologia como tendo um papel fundamental no aproveitamento dos materiais. Um bom exemplo desse ponto foi a adoção, por parte da Novarroz, de embalagens 100% de papel, que para o conseguir, a empresa teve não só de investir em investigação e desenvolvimento como procurar novas soluções de abastecimento e criar novas linhas de produção.

 

A Água de Monchique, com a sua garrafa de água biodegradável é um exemplo claro de como a colaboração entre diferentes entidades podem ajudar a inovar e a apresentar ao mercado novas (e sustentáveis) soluções. Neste caso específico o resultado final – uma garrafa 100% biodegradável e compostável, criada por forma a não interferir na qualidade da água e capaz de ser consumida pela fauna marinha na eventualidade de ir parar ao oceano – resulta da parceira da empresa com a Universidade do Minho e a Fundação Mirpuri.

 

A questão é que estes novos formatos dependem (e muito) da taxa de reciclagem. Que, no caso português, ainda é muito baixa. Veja-se as embalagens PET reciclado, por exemplo. Uma das metas estabelecidas pela União Europeia passa pela reutilização de materiais, sendo que, com as baixas taxas de reciclagem existentes fica difícil de conseguir atingir. Não é por acaso que a indústria indica que uma das maiores dificuldades de inovar no processo produtivo passa, precisamente, por, em primeiro lugar, conseguir matéria-prima (neste caso o plástico que vai para a reciclagem) e, depois conseguir a tecnologia que trabalhe esse mesmo material.

Se todas as empresas decidissem avançar com a decisão de apenas usar PET reciclado não haveria, no mundo, matéria-prima suficiente para satisfazer a procura. E isso é um dos fatores que está a atrasar a inovação no mundo das embalagens.