Seja por uma questão de consciencialização para a importância de adotar comportamentos sustentáveis, seja por razões financeiras, o certo é que o mercado de segunda mão, diga-se de produtos usados, não pára de crescer.
Segundo um estudo realizado pelo ThredUp, só no ano passado, o mercado global de vestuário em segunda mão e de revenda rondou os 96 mil milhões de dólares norte-americanos. Valor que deverá aumentar para os 218 mil milhões de dólares em 2026. Traduz-se assim num crescimento na ordem dos 127% – este ano, por exemplo, deverá atingir a fasquia dos 119 mil milhões de euros.
Grande parte desse incremento será impulsionado pelos Estados Unidos da América, onde o mercado deverá mais do que duplicar, atingindo a fasquia dos 82 mil milhões de dólares em 2026. A Europa, o segundo maior impulsionador, dever-se-á ficar por um mercado a rondar os 70 mil milhões de euros.
Mas afinal que produtos estão a ser comercializados? A resposta é: maioritariamente vestuário. Essa é a categoria mais transacionada e transversal a todos os países – com exceção da China onde é suplantada pelos livros. Do lado oposto estão os produtos para animais de estimação, que representam menos de 5% de todos os produtos usados transacionados.
A questão do vestuário é extremamente relevante porque não se trata apenas de peças de roupa que deixam de ser comercializadas. O estudo revela que o mercado de segunda mão absorveu cerca de mil milhões de peças de vestuário que, de outra forma, teriam sido compradas por estrear. Menos produção significa, igualmente, menos energia e uma menor pegada de carbono na atmosfera. Mas, mais do que isso, significa também, menos roupa que acaba por ir parar a um aterro.
Hábitos que podem parecer “normais” e incipientes, mas que fazem toda a diferença. Não é por acaso que dois em cada três consumidores acreditam que estas mesmas alterações no seu comportamento estão a ter impacto na saúde do planeta.
Uma tendência que, inclusive, está a ser absorvida por alguma marcas: a H&M, por exemplo, frequentemente leva a cabo campanhas de recolha de vestuário em segunda mão; a Worten, por seu lado, tem atuado mais na ótica dos eletrodomésticos (sendo o core business da marca), promovendo a recolha de equipamentos que são posteriormente entregues a instituições de caridade; assim como, a Decathlon que incentiva a reciclagem de equipamentos desportivos.
Existem ainda duas conclusões do estudo importantes de salientar, a primeira é que a geração Z é aquela que mais recorre a este tipo de compra, a segunda e não menos interessante, 41% dos inquiridos (de todas as idades) revelaram que quando fazem compras de vestuário, a segunda mão é a primeira opção – o valor sobe para 62% quando a análise incide apenas na geração Z e Millennials.
O preço também é um fator relevante, claro, mas à medida que a sustentabilidade ganha peso no quotidiano de todos, o que realmente contribui para a compra, começa a mudar. E o certo é que a chamada Moda de Segunda Mão é já vista pela sociedade como acessível e inclusiva, mais do que a Moda Sustentável.
Os dados obtidos, as análises feitas, as tendências que já se anteveem indicam que o guarda-roupa do futuro – que é já ali – basear-se-á na economia circular. A prova é que atualmente mais de metade dos consumidores já compraram e venderam vestuário em segunda mão.
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