Os influenciadores têm um papel preponderante nos hábitos alimentares dos mais jovens e isso muitas vezes traduz-se em comportamentos menos saudáveis, excesso de peso e mesmo obesidade. Cabe às marcas o papel de formar, informar e garantir que a informação divulgada é verdadeira e benéfica.
Existem duas realidades que todos nós temos de aceitar: os adolescentes não são o consumidor do futuro, eles são (também) o consumidor do presente e a segunda realidade prende-se com as redes sociais e o seu impacto na sociedade, mais precisamente nos adolescentes.
Eles têm conhecimento de novos produtos através de plataformas como o Tik Tok, compram através dessas mesmas redes e assumem os conteúdos que são divulgados como verdades, ou pelo menos como mensagens que devem ser debatidas. E este facto é algo que as marcas começam a interiorizar.
Para perceber qual o real impacto das redes sociais nos hábitos alimentares dos adolescentes, a Fundação Triptolemos levou a cabo uma investigação onde analisou as várias redes sociais. Os dados revelaram, por exemplo, que o Facebook ocupa um lugar secundário nos hábitos de consumo dos mais jovens e que foi confirmado através do Estudo de Redes Sociais em Espanha, publicado pelo Interactive Advertising Bureau, que os jovens são o grupo que passa mais horas nas redes sociais – uma média de uma hora e 42 minutos por dia, em 6,8 redes.
Segundo o mesmo estudo, as redes mais utilizadas são o Instagram (86%), Youtube (79%), Twitter (63%) e Tik Tok (55%). O Whatsapp assume um papel semelhante ao Instagram enquanto o Facebook é apenas acedido por cerca de 45% dos jovens.
É precisamente nas redes mais populares que predominam as figuras dos Influenciadores, seguidos por cerca de 73% dos utilizadores com idades entre os 16 e os 24 anos – valores muito acima dos 48% de utilizadores com idades compreendidas entre os 24 e os 40 anos.
O que o estudo, levado a cabo pela Fundação, veio confirmar é que as redes e mais precisamente o conteúdo publicado pelos influenciadores, têm um impacto direto nos adolescentes – sendo que isso se reflete, claro, também nos hábitos de consumo.
Tal facto é percetível depois nas publicações dos mesmos. É frequente ver uma publicação de um adolescente a referir que comprou determinado produto porque o (a) influenciador “X” aconselhou.
As redes, revela ainda o estudo, funcionam como uma ferramenta de comunicação e socialização entre iguais. Os adolescentes sentem uma integração na sociedade que não sentem fora das redes, funcionam como uma janela de entretenimento, informação e interpretação da realidade, tornando-as um elemento-chave na adoção de comportamentos, atitudes e hábitos, incluindo os de consumo e mais precisamente os hábitos alimentares.
Os estudos realizados até à data (que abordaram o papel das redes sociais) descobriram que existe uma relação e que esta relação pode levar a, ou exacerbar, efeitos negativos ou, pelo contrário, pode servir para melhorar os hábitos de consumo (e alimentares) dos adolescentes.
Na prática trata-se de garantir que os conteúdos existentes nas redes são verídicos ou que pelo menos não levam a comportamentos prejudiciais, especialmente no que concerne à alimentação.
Está provado que os hábitos alimentares dos adolescentes estão diretamente ligados aos hábitos demonstrados pelos influenciadores que seguem – estudo da Universidade de Aston (Birmingham, 2021), o que depois, normalmente, se traduz em situações de excesso de peso e hábitos alimentares pouco saudáveis e, em casos mais graves, em obesidade.
Neste sentido, cabe às entidades governamentais e às marcas tentar combater esta realidade, utilizando o papel dos influenciadores para transmitir mensagens positivas e influenciar sim, mas da melhor forma, através de ferramentas como formação e informação alimentar e nutricional eficaz para que os adolescentes sejam capazes de distinguir entre publicações fiáveis face a meias-verdades ou mesmo fake news.
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